Um Ciclo Vicioso Perverso: Meta de Inflação x Taxa de Juros (SELIC).
Bom dia!
Hoje o assunto é sobre uma questão muito importante que interfere diretamente nos investimentos públicos, desenvolvimento industrial, capacidade produtiva, preço da oferta de crédito, empreendedorismo, etc.
Não sou nenhum especialista em finanças públicas, mas resolvi pesquisar sobre como é calculado o IPCA, índice que define a meta de inflação e, consequentemente, a política monetária do Brasil.
O IPCA, mede a variação dos custos dos gastos da população, na seguinte proporção:
- Alimentação: 25,21%
- Transportes e Comunicação: 18,77%
- Despesas Pessoais: 15,68%
- Vestuário: 12,49%
- Habitação: 10,91%
- Saúde e Cuidados Pessoais: 8,85%
- Artigos de Residência: 8,09%
A soma desses itens equivale a 100%, que definirá o IPCA.
O que me chamou atenção foi o seguinte. Os dois itens que interferem em maior proporção são commodities. Quase 45% do índice que calcula a inflação do Brasil, varia de acordo com a sasonalidade e pode sofrer escassez de produtos por intempéries naturais, como temos vistos com alagamentos de plantações, pastagem de gados, onde interfere na oferta de alimentos a população, elevando seus preços ao consumidor final. Sem falar nos transportes, onde dependem de uma outra commodities que é o petróleo, que reflete diretamente no preço dos combustíveis e no transporte publico em geral.
Me senti incomodado com isso. O Banco Central trabalha sua política monetária de acordo com a meta de inflação. Isso influencia diretamente vários setores da economia, pois elevam a taxa de juros, pagando mais juros anualmente, reduzindo a oferta monetária e inibindo investimentos produtivos em geral, onde refletiria diretamente na geração de emprego e renda da população.
Percebam como é perverso esse ciclo vicioso. Ao invés do Governo subsidiar produtores rurais com incentivo fiscal quando ocorresse algum desastre natural e reduzisse oferta de alimentos no país, ele contabiliza isso, como se houvesse um aumento da procura por alimentos de forma natural e não por ter havido uma escassez de produtos devido a condições climáticas. Mesma coisa ocorre com petróleo, ainda mais agora com o Brasil explorando reservas do pré-sal. Não seria mais fácil, com uma redução da oferta de petróleo, refletindo no preço internacional do barril de petróleo, o Governo reduzir impostos durante um período para não refletir diretamente no preço da gasolina, refletindo diretamente em todo ciclo produtivo brasileiro que dependa de combustível para produzir?
Não! O Governo prefere pagar 180bilhões de reais por ano de juros a investidores e bancos que financiam sua divida interna. E para repor essa perda financeira, eleva a carga tributária de alguns produtos de consumo geral, como se isso fosse a forma de inibir o consumo da população, reduzindo a inflação e cumprindo a meta de inflação pelo Banco Central.
O Brasil não cansa de ser o pais com a mais alta taxa de juros do Mundo. Nossa carga tributária é uma das maiores do Mundo e isso não é refletido em bens públicos oferecidos a população.
Utilizar o IPCA, com quase 50% do percentual vinculado a variação de preços de commodities que podem sofrer com a sasonalidade e fenômenos naturais, ou até guerras, que influenciam no preço do barril de petróleo, para medir a inflação e estipular o valor da taxa de juros como forma de inibir o consumo, é um ciclo vicioso perverso que beneficia uma minoria e nos utilizam para sustentar banqueiros e investidores nacionais e internacionais, em cobrança de impostos.
Logo, conclui-se, que a inflação anunciada pelo Governo, não é uma inflação por demanda, mas sim uma inflação por falta de oferta de determinados produtos, em um determinado período do ano. Subsidiar seria uma solução que oneraria muito menos as contas do Governo e, principalmente, a população como um todo, do que elevar a taxa de juros como solução de controle inflacionário.
Infelizmente, uma pequena parte da população tem condição de entender todo esse sistema nocivo em detrimento de interesses de uma minoria. Falta boa intenção aos governantes e responsáveis pela política monetária brasileira.
Isso é uma vergonha!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Gostou? Deixe aqui seus comentários.