Deterioração Econômica e a Perda do Valor da Moeda no Brasil
Durante a década de 80 e início da década de 90, o país
vivenciou uma grave crise inflacionária, tendo reajustes diários de preços e a
perda do poder de compra da população. Muitas pessoas tinham perda no seu poder
de compra,tanto que que nem conseguiam ir trabalhar pela corrosão monetária da época.
Foi nesse período que foi criado o vale transporte e o de refeição, descontados
do salário, mas o que garantiria a manutenção do emprego para a população mais
pobre que sofria mais com os altos índices de inflação.
Nesse período, vários planos econômicos foram criados como
forma de contarem os altos índices inflacionários, só que em vão. Existiu a
tentativa de congelamento de preços que foi ineficiente. Foram criadas novas
moedas, diversos planos econômicos como o Plano Bresser, o Plano Collor e
inclusive a tentativa de bloqueio de poupança para contenção da inflação.
Apenas foi conseguida a estabilidade econômica com a criação da URV que foi a
base para o Plano Real, que desde então é esse padrão monetário que temos
utilizado no país.
A estabilidade da moeda não é apenas a razão para contenção
da inflação. Em uma economia que possui seu controle monetário ordenado,
gera-se visibilidade em relação a investimentos produtivos para o país. Imagine
uma estrada com neblina a qual não se consegue observar o que vem após. Essa é
a sensação de investidores quando não se consegue projetar minimamente o
caminho no ponto que seus olhos conseguem alcançar. Hoje o país está sofrendo
com isso, novamente.
A deterioração econômica que estamos sofrendo, com retração
da economia e dos fundamentos macroeconômicos, com estouro do orçamento
público, com diversos Estados com déficit fiscal, onde o endividamento público
cresce cada vez mais e ainda, para piorar a situação, uma perda gradual do
controle inflacionário, com a meta de inflação sendo ultrapassada esse ano e
com projeções do estouro da mesma para 2016, o valor do dinheiro começa a ser
perdido e isso é um grande problema.
A inflação é um imposto que não é visível, o Governo não
arrecada e a população não consegue mais comprar a quantidade de produtos que
comprava com a mesma quantidade de dinheiro que alguns meses atrás. Muitos
devem lembrar de quando foi lançado o Plano Real e quanto valia R$10,00 na
época. Os R$10,00 duravam dias, os centavos eram valorizados como nunca. As
pessoas haviam começado a ter noção do valor do dinheiro novamente. Hoje, já é
nítida a perda dessa referência. A perda inconsciente do valor do dinheiro é um
grande problema a ser controlado. Sem essa mentalidade, a deterioração monetária
vai acelerando, os preços se elevando e cada vez menos o dinheiro vai ser
valorizado.
Nossa economia entrou em um ciclo econômico perverso. Estamos
entrando no segundo ano de recessão, redução da economia, e no terceiro ano sem
crescimento, considerando que 2014 o crescimento do país foi de 0,01%. Em 2016,
já temos expectativas de retração de 2%, inflação acima da meta, elevação do da
dívida pública, déficit fiscal do Governo Federal de 120 bilhões, taxa de
desemprego chegando a 11% e o principal, não temos visibilidade em relação ao
futuro. Estamos com uma neblina densa em nosso caminho, a qual gera diversas
incertezas aos investidores e com um cenário econômico mundial de diminuição de
liquidez com a elevação dos juros pelo Banco Central Americano, o FED. Como a
economia americana voltou a crescer e já existe uma tendência inflacionária
perto da meta estimada por eles, com a redução de liquidez no Mundo, haverá
menor circulação de dinheiro, tornando ainda mais caro o valor da moeda e maior
dificuldade de atração de investimento capazes de gerar crescimento em nosso
país.
O país vive um momento bastante delicado. Além de estar
entrando no segundo ano de recessão, não temos visibilidade e nem perspectivas
de quando isso vai mudar. A deterioração econômica reflete diretamente no
social e é de fundamental importância que o Governo tome medidas corretas para
mudar o rumo da nossa economia, coisa que não tem sido vista com as atitudes
que estão sendo tomadas. Parece até proposital.
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