segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Reflexos Econômicos dos Dez Anos do 11 de Setembro.

Reflexos Econômicos dos Dez Anos do 11 de Setembro.

Olá!

Há dez anos atrás estávamos todos perplexos querendo saber mais  e mais informações sobre o atentado ocorrido nos EUA, mais precisamente em Nova Iorque. Naquele dia, um acontecimento histórico havia ocorrido, onde se iniciava uma guerra invisível e sem fronteiras, através de um ataque no símbolo do capitalismo, na maior potencia econômica mundial. Acho que ninguém imaginaria como aquele ocorrido poderia se refletir diretamente em toda economia mundial durante toda uma década.

Há dez anos, aqui no Brasil, estávamos em uma recessão econômica, com alto nível de desemprego, falta de oportunidade de trabalho para os jovens, com o dólar a quase R$3,00, falta de crédito e juros altíssimos! Muitos jovens estavam tentando iniciar suas vidas fora do país por tamanha dificuldade na obtenção de um emprego ou estágio que fosse. Muitos foram para os EUA e eu fui um deles. Chegando lá a primeira impressão foi como tudo funcionava. Era tudo organizado, pessoas educadas, carros que nunca havia imaginado ver e percebi que tudo que estudei num curso de inglês aqui no Brasil, a principio não iria me ajudar em nada, praticamente não conseguia me comunicar, tão pouco entender o que as pessoas falavam.
Em 2001, a economia americana estava ótima! Oferta de crédito a juros baixíssimos, poder de compra da população muito bom, baixo custo de vida comparado com o que possuímos aqui. Baixa carga tributária, impostos diretos sobre consumo, onde se conseguia saber o valor real do produto que se comprava, já que o imposto vinha discriminado nas notas fiscais. Gasolina barata onde o galão, quase 4 litros, custava R$1,20 dólares. Praticamente o mundo perfeito. O Mundo do American dream e do American Way Of Life. Aquele país realmente era o maior país do mundo e o melhor país para se viver, até então.

Observava uma facilidade para aquisição de imóveis e com financiamentos por 30 anos com uma entrada de valor irrisório, vi muitas pessoas comprando casas lá. Mal sabiam que alguns anos depois, toda essa facilidade de crédito se tornaria numa das maiores crises financeiras da história. Mas quem se encontra nesse meio, nesse ambiente que mostra para você que tudo que você quer você pode conseguir ou consumir, acaba criando sonhos e dentro desses sonhos uma visão não racional de determinadas situações que viriam acontecer anos após.

Após o atentado, a população americana se sentiu frágil, e quando você sabe que é forte, a ultima coisa que você pode transmitir é fraqueza e tinham que buscar em qualquer parte do Mundo o culpado por aquelas mortes e por terem causado uma ferida no orgulho do jeito americano de ser. Será que esse culpado estava realmente em outro lugar do mundo? A partir daí, começaram a caçar! Invasão do Afeganistão, logo após o inicio da Guerra do Iraque alegando motivos quais ainda não se foram encontrados. Gastaram, gastaram e gastaram muito com a guerra.  Ficaram tão cegos com o ocorrido que não foram capazes, ou foram e não quiseram se preocupar, com a fragilidade que a economia, mercado interno americano estava começando a demonstrar.

A Crise do Sub-Prime foi encadeada a partir de um incentivo do Governo, em parceria com empresas privadas, para oferta de financiamento a pessoas de baixa renda. Isso tudo se iniciou no período de 2001-2002. Criaram um certificado onde investidores era “remunerados” trimestralmente de acordo com o risco que cada um assumia. Porém eram certificados com renovações trimestrais, enquanto um financiamento imobiliário levava 30 anos e com taxa de juros pós-fixadas a partir do segundo ano de financiamento. Enquanto estavam praticamente dando dinheiro para a população, porque os bancos ligavam aquelas pessoas que tinham um imóvel e, com a valorização imobilizaria, ofereciam dinheiro a baixo custo tomando como garantia aquelas moradias que estavam sobrevalorizadas. Pessoas que moravam no subúrbio, começaram a ter condições de terem casas de frente para o mar. Só que o valor real dos imóveis não eram aqueles e a capacidade de pagamento daquelas pessoas não eram uma garantia a qual, de forma racional, eles deveriam considerar. Como o juros era pós-fixado e, após dois anos, as prestações começaram a subir, o risco de inadimplência começou  aumentar, ocasionando toda aquela crise que ocorreu em 2007 e vem se refletindo até hoje. Será que se o Governo americano não tivesse tão preocupado em achar um culpado pelo atentado aquela crise não poderia ter sido evitada?

Crise do Sub-prime gerou novas incertezas sobre o Mundo. Quase existiu um apocalipse financeiro onde várias grandes instituições financeiras quebraram ou tiveram que pegar financiamento com o Governo para não fecharem. O Banco central americano teve que jogar, literalmente isso, jogar mais de 1 trilhão de dólares para gerar liquidez e não deixar o coração parar de bater por falta de “sangue” que circulam nas veias d economia americana. Isso fez com que o mundo ficasse irrigado de dólares ocorrendo essa guerra cambial que vemos hoje e tanto falam.

Hoje, o reflexo de toda essa crise e falta de visão de anos passados, achando que lidar com dinheiro virtual, especulações, nunca teriam problemas, só nos mostra como em alguns momentos em que nos colocamos acima de outros em determinada situação, nos expõe de uma forma onde não conseguimos enxergar nossas fragilidades. E, só após acontecer algo inesperado, tomamos atitude de consertar aquilo que outros haviam já percebido, mas não demos ouvido.

Nesses dez últimos anos pós 11 de Setembro, o Mundo mudou, principalmente para o Brasil, e novas possibilidades e oportunidades estão aparecendo. Enquanto um mundo em crise, com vários grandes economias sofrendo e sem saber como utilizar sua política monetária e fiscal como forma de reverter situações de descontrole de suas contas, o Brasil se tornou o alvo de investimento do mundo assim como outros países emergentes. E, os EUA, que tanta grandeza sempre existiu, começou a sofrer de problemas que o estilo de vida de sua população nunca foi acostumada. Sofrem com um endividamento superior ao que produzem, do país que possuía maior nível de confiança para se investir, hoje a economia vive níveis de incerteza que daqui a dez anos iremos ter a resposta se as soluções criadas hoje deram resultado.

Esperemos os 20 anos do 11 de Setembro.

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