Bolha
Imobiliária Brasileira: Verdade ou Mentira?
Bom dia!
Diariamente vemos diversas pessoas discutindo sobre uma
suposta bolha imobiliária que poderá gerar uma enorme crise na economia
brasileira, comparada ao que ocorreu nos EUA 2007-2008. Isso realmente está
acontecendo? Quais as diferenças entre a crise americana e a suposta bolha
imobiliária brasileira? Vamos então começar a refletir sobre o assunto.
Para quem não sabe, quando se forma uma “Bolha” em termos
econômicos, é a ideia de quem está comprando nesse momento de bolha, terá prejuízo
pelo valor estar acima do real valor de mercado. Isso pode acontecer com
imóveis, ações, etc. Mas será que realmente está acontecendo isso no Brasil? Vamos
refletir!
Na crise que se iniciou nos EUA, existiam diversos pontos
diferentes do que ocorre aqui no Brasil. Os EUA não possuem bancos públicos com
propostas de desenvolvimento habitacional. Quando se propuseram a fazer um
plano habitacional para o “Subprime”, que corresponderia à população americana
de baixa renda sem capacidade de comprovação de renda necessária para aquisição
de imóveis, utilizaram alguns bancos privados onde eles seriam como “parceiros”
do governo americano na oferta de crédito dessa classe da população de baixa
capacidade de pagamento. O Governo dos EUA, detinham um percentual sobre esses
bancos, percentual pequeno, e para garantir o risco dos bancos emprestarem a
uma classe da população sem crédito, eles criaram os chamados “commercial
papers”. Os commercial paper eram títulos de curto prazo onde investidores os
adquiriam, com um valor específico para cada nível de risco e uma taxa de
rentabilidade proporcional ao nível de risco que os investidores assumiam. O problema
maior foi em relação ao prazo desses títulos. Os comercial papers possuíam prazos
de vencimento trimestral(guardem esse prazo). Muitos devem estar se
perguntando: “Ora, então o que houve para ocorrer a crise americana se existiam
garantias?”.
Quando foi criado crédito imobiliário para a população de
baixa renda americana, o prazo de financiamento era de trinta anos, sendo que
durante dois anos, as prestações eram fixas, com taxas de juros pré-fixadas. A
partir do segundo ano, os juros era pós-fixados (diferentes da maioria cobrados
no Brasil). Até aí tudo bem! Mas o problema foi outro! Nos EUA a oferta de
crédito é muito alta, com taxas baixíssimas de juros ao ano e eles se baseiam
na boa fé da pessoa em cumprir seus compromissos. Diferente daqui que as
pessoas desconfiam primeiro até que você prove o contrário, lá existe a
confiança nas pessoas até que elas provem o contrário. Por isso a relação de
crédito é bem definida e caso haja descumprimento, seu nome fica sujo. Então o
que ocorreu?
Imaginem a seguinte situação: Uma pessoa de baixa renda
comprou um imóvel financiado durante 30 anos no valor de 100 mil reais. O valor
de sua prestação era de 300 reais durante dois anos e após o segundo ano
variaria de acordo com um índice estipulado no contrato. Um ano depois, um
banco qualquer te liga dizendo que você possui um crédito de 200 mil reais, com
uma taxa de juros muito reduzida (lá, o que te cobram por mês aqui, é o que se
paga por ano de juros na maioria das vezes). Você feliz e contente, pega o
empréstimo e dá como garantia, só que agora ele já vale 200 mil. O que você faz
com o dinheiro? Compra um carro novo para a família, dá carros para todos os
filhos, etc. Mas só que agora além de você ter a prestação da casa, terá a
prestação do empréstimo. Isso ocorreu com a grande maioria das pessoas de baixa
renda americana e foi a origem da crise.
Quando o prazo de dois anos e as prestações da casa deixaram
de serem pré-fixadas, os juros subiram e começou a acontecer a inadimplência dos
pagamentos. Com o tempo foi aumentando e os índices de inadimplência subindo(Lembram dos “Commercial Papaers”?),os investidores começaram a observar o
elevado risco pelo alto índice de inadimplência das famílias do “subprime” e deixaram
de renová-los. A garantia que existia para a oferta de crédito para a população
de baixa renda, subprime, foi se reduzindo. Os bancos, que haviam emprestado
dinheiro para as famílias dando os imóveis como garantia, mesmo que
ficassem com os imóveis, perderiam no mínimo 50% do valor, porque estava
sobrevalorizado, na bolha da especulação imobiliária. Logo, existiam no mínimo
duas dívidas, em alguns bancos, de pessoas que não haviam renda a comprovar:
Imobiliária e empréstimo bancário. Então o que ocorreu?
Todo dia os bancos precisam fechar seus balanços. Alguns
emprestam mais e precisam captar dinheiro com os que poupam mais ou pegar
dinheiro no Banco Central. Nos EUA, alguns bancos emprestavam mais do que possuíam
e valiam. Mesmo que eles vendessem tudo que possuíam, ainda estariam devendo.
Os imóveis vendidos como estavam supervalorizados, não serviam de garantias.
Foi quando o maior banco de investimento americano quebrou. Assim começou a
crise dos EUA. No Brasil isso pode acontecer?
No Brasil possuímos um banco público que fomenta o
desenvolvimento habitacional e é o principal responsável pela oferta de crédito
imobiliária no país. Segundo consta, o nível de inadimplência do “Minha Casa,
Minha Vida” chega aproximadamente aos 20%. Esses imóveis estão
supervalorizados? Essa classe da população possui empréstimos vinculados ao seu
imóvel? O que garante aos bancos essa oferta de crédito?
Se realmente existe a preocupação de haver uma “Bolha
Imobiliária” no Brasil, acredito que os bancos são os que terão menor prejuízo.
Normalmente, imóveis são vendido com no mínimo 20% de entrada, além dos juros
sofrem correção monetária. O sistema de amortização capitaliza mensalmente os
juros e aumentando o lucro do banco. Pode haver uma bolha imobiliária baseada
no alto índice de procura de imóveis, mas a perda provavelmente não terá a
proporção da crise americana. Quem compra imóvel de 1 milhão hoje, precisa dar
garantias de pagamentos. Se pagam financiado, terão sim um prejuízo que deverá
ser assumido caso queira vender no médio prazo o imóvel, mas em 30 anos poderá
talvez ter o retorno desse investimento que custará em torno de 2 milhões. O “Subprime
Brasileiro” (Minha Casa Minha Vida) possui toda essa força para gerar uma crise
sistêmica no sistema bancário?
O que muitos não estão percebendo ou não querem perceber, é
que o nível de endividamento das famílias brasileiras com crédito (excluindo
crédito imobiliário) está aumentando, tomando um percentual enorme sobre a
renda familiar, acima de 30%. Diversos países já possuem políticas contra o
superendividamento da população civil de boa-fé, mas aqui no Brasil não.
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